21 de fevereiro de 2017

Virar a página

Estive algum tempo afastada deste blog por várias razões, sendo que a principal foi mesmo o ter melhorado toda a sintomatologia que esta doença provoca. Deixei de me identificar com o que publicava, pois as dores e cansaço constantes, ficaram lá atrás e deixaram de estar tão presentes no meu dia-a-dia.

Pensei várias vezes fechar o blog, mas depois achei que, tal como eu fui ajudada, também eu poderei eventualmente ajudar outras pessoas a encontrar um pouco de alívio nas suas rotinas e nas suas vidas.

Não, não descobri a cura milagrosa, e não, não tomei nenhuma nova droga experimental. A solução passou por....alimentar o meu corpo como ele merece!

Há cerca de um ano, uma amiga (ela sabe quem é) falou-me na dieta paleo. Como curiosa que sempre fui, fui pesquisar e quando dei conta de que neste tipo de alimentação não se consome nenhum tipo de cereal, alimento processado ou açúcar refinado, nem mesmo leguminosas ou lacticínios, pensei "Q'horror!!! Alguma vez eu vou deixar de comer o meu pãozinho que tão bem me sabe? Já não basta ter estes problemas de saúde todos que tanto me limitam, e ainda vou deixar de comer o que me dá prazer? O pouco prazer que ainda tenho na vida???"

Pois! Pensei, mas pensei mal. Depois de estar bastante tempo em crise, demasiado tempo em crise, e a ver que não tinha fim, decidi voltar a pesquisar. E lá descobri uma outra vertente da alimentação paleo, a primal, que permite o consumo moderado de produtos lácteos (queijo e iogurtes). Achei que, depois de ter lido bastante sobre a ação inflamatória que alguns alimentos podiam provocar, talvez (eu disse talvez) pudesse tentar. Não tinha nada a perder, já tinha a minha qualidade de vida tão reduzida, que consumir alimentos mais limpos só poderia trazer-me benefícios.

Lembro-me que inicie alguns dias antes da Páscoa de 2016. E passadas 2 semanas, acordei um dia sem dores. Achei estranho e pensei que, tendo acordado sem dores, não tardariam a aparecer e em força, como era hábito. Só que não! Passou aquele dia, e o seguinte, e mais outro e senti que só podia ter sido da alimentação. Comecei a ler cada vez mais para tentar perceber de que forma variados tipos de alimentos desempenham também variados papeis no nosso organismo. Mas sobretudo percebi que, deixar de consumir grãos e derivados e produtos processados, fizeram "A" diferença.

Com o tempo, comecei a verificar que o cansaço desapareceu quase por completo, as noites bem dormidas tinham voltado mas sobretudo as dores tinham-se desvanecido. As dores que sentia eram as mesmas que sentia quando estava sob o efeito do analgésico. Os dias foram passando e assim me tenho mantido até hoje. Não posso dizer que nunca mais tenha tido dores, porque as tive. Tive também algumas crises pontuais, mas tão "suaves" (se assim se podem chamar as dores) que eram suportáveis mesmo sem medicação. Exceptuando uma situação provocada por um episódio de nevralgia cervico-braquial, não voltei a tomar qualquer tipo de droga, mesmo analgésico.

Não pretendo com este texto doutrinar ninguém, mas assim como uma alimentação limpa mudou a minha vida, mudou muitas outras também. Cada vez existem mais relatos de pessoas que, tal como eu, recuperaram a qualidade de vida e que se deve única e exclusivamente à mudança de hábitos. Para mim, nunca foi solução estar dependente de medicação e lamentar-me da "sorte" que me tinha calhado. Teria de ser pro-activa da minha vida, mas sobretudo da minha saúde.

E por essa razão, e também porque era questionada pela razão da minha ausência, que decidi continuar este blog numa outra vertente, tentando aliar alimentação e hábitos de vida saudável à minha/nossa situação clínica, mas sobretudo das repercussões que esses mesmos hábitos podem ter na nossa saúde em geral. É possível ter Fibromialgia e/ou outras doenças associadas (no meu caso também recebi de brinde a Síndrome de Sjogren) e ter qualidade de vida....e ser feliz!