21 de maio de 2017

Reverter a auto-imune, além da alimentação

Alimentação versus estilo de vida

Quando seguimos o Protocolo Paleo Auto-imune, a alimentação está sempre presente na nossa mente. Evitamos os alimentos que exacerbam a sintomatologia da doença auto-imune e investimos o nosso tempo a procurar mais informação sobre quais os melhores alimentos a integrar nesta nova rotina. Por outro lado, estamos ansiosos para o dia em que podemos voltar a reintroduzir os alimentos que eliminámos temporariamente, esperando não fazer nenhum tipo de reação adversa. Nutrirmo-nos dos alimentos correctos, faz toda a diferença, mas a regressão da sintomatologia da doença auto-imune vai muito além da alimentação. O estilo de vida que levamos, é igualmente importante e muitas vezes é descurado em detrimento da falta de tempo, da falta de investimento pessoal, ou por outra razão qualquer. De nada serve ter um cuidado extremo com a qualidade daquilo que comemos, e em paralelo levar uma vida stressante. Se por um lado, a alimentação correcta cura, o estilo de vida que levamos pode por outro lado, exacerbar toda a sintomatologia.

Sono

Temos o péssimo hábito de deixar o sono para último plano. Ficamos acordados até tarde a despachar tudo para o dia seguinte, ou a ver um filme até ao fim (o meu caso). Ou então levantamo-nos mais cedo de forma a "fazer render" o dia. Se faz parte deste tipo de pessoas, saiba que não há nada mais importante para o seu corpo do que o sono, pois é durante o sono que o seu corpo se regenera. É fácil de fazer as contas, quanto menos dormir, menos tempo o seu corpo tem para se curar. Pode parecer que ao fim de 1 ou 2 noites bem dormidas (aos fins de semana por exemplo), que finalmente tem o seu sono em dia, mas não é bem assim. São necessárias semanas até que o seu corpo se reequilibre interiormente e de forma consistente.

A falta de sono, a médio e longo prazo, por si só, já contribui para uma quantidade de sintomas: perturbações da visão, fadiga, irritabilidade, aumento de peso e perturbações na concentração. Posteriormente pode levar a enfarte do miocárdio. A falta de sono, adicionada ao stress pode levar a alterações metabólicas profundas e intensificar a sintomatologia das auto-imunes. O ideal será sempre dormir entre 8 a 10 horas. Parece muito, mas lembre-se que o seu corpo já está em deficit pela auto-imune, por essa razão há que o compensar. Pessoalmente noto que à medida que o tempo passa (já lá vão cerca de 2 meses de protocolo) que vou adormecendo cada vez mais cedo. E ao contrário do que acontecia há uns tempos em que sentia sono, mas "tinha" que ver o resto do filme, agora faço a vontade ao meu corpo.


Respeitar os ritmos circadianos



Na vida moderna, é fácil esquecer que os seres humanos evoluíram para viver ao ar livre. Nós somos projectados para absorver vitamina D da luz solar, e sua deficiência está associada a muitas doenças, incluindo auto-imunidade. Os nossos ritmos circadianos são definidos pelo ciclo natural do dia e da noite e afectam nosso corpo a nível genético e celular. Estamos destinados a mover nossos corpos para fora de casa durante o dia, e dormir profundamente na escuridão da noite.

A vida moderna muitas vezes nos faz fazer o oposto, sentado todo o dia dentro de casa e, como consequência há maior dificuldade em dormir à noite. E quem sofre com isso é a nossa saúde. Faça os possíveis para sair de casa todos os dias, mesmo que seja por pouco tempo. Pode dar um passeio, deitar-se ao sol, ler na sombra, passear o cão, e pode até criar grupos de passeio, o importante é apanhar ar e luz do dia. Lembre-se que há um mundo lá fora que deve ser aproveitado. É das poucas coisas de que sinto falta de Portugal, é mesmo da luz solar. Onde moro (Luxemburgo), estamos dias e dias seguidos sem ver o sol, e acreditem que deprime!

Aprenda a dizer não

Sejamos honestos: curar leva tempo. Não apenas em termos de paciência e foco naquilo que nos é benéfico, mas sobretudo nas actividades do dia a dia: tratar das crianças, confeccionar as refeições, trabalhar, actividades relaxantes, desporto...Isto exige que se coloque em primeiro lugar. Dito assim pode parecer egoísta, sobretudo se tem uma família que precisa e depende de si. Mas são pequenas decisões que se tomam, que são absolutamente necessárias. Se você não estiver bem, também se vai reflectir na sua família e naqueles que a/o rodeiam.

Priorizar a sua saúde beneficia a todos. Então como arranjar tempo para si, durante o dia já tão preenchido? Aprendendo a dizer não! Olhe à sua volta e elimine as tarefas que não são essenciais para o dia, ou delegue, peça ajuda a quem está próximo de si. Felizmente não tenho razões de queixa pois quem me rodeia, está sempre pronto a ajudar e mesmo que eu, por teimosia ou orgulho queira fazer tudo sozinha, a filha insiste sempre em querer participar e ainda ralha comigo se me vê a fazer esforços sem pedir ajuda. Na maior parte dos casos, até querem ajudar e não sabem como, e só porque nos habituámos a tomar tudo à nossa responsabilidade.

Aprenda a valorizar o seu corpo

Numa doença auto-imune, é sabido que o nosso corpo nos trai, que nos ataca e que se tornou nosso inimigo... Isso simplesmente não é verdade. O objectivo do corpo é manter-nos vivos e saudáveis, e faz tudo o que estiver ao seu alcance para fazê-lo. Os sintomas que sentimos são sua forma de nos dizer que algo está errado, e a auto-imunidade é uma falha de comunicação" dentro do corpo, não uma luta intencional. Se queremos curar, é muito mais eficaz perceber que pertencemos à mesa equipa. Não podemos viver sem ele. Quando ficamos com raiva, culpamos e odiamos nosso corpo, na verdade estamos nos odiando. Isso não é uma postura de cura e muitas vezes leva a más escolhas. Em vez disso, cultive a sua auto-estima, aprenda a amar e respeitar o seu corpo. Se seu filho estiver doente, também não se vai virar contra ele, pois não? Faz tudo o que estiver ao seu alcance para que recupere o mais rapidamente possível, certo? Então porque não ter a mesma atitude para com o seu corpo, o SEU bem mais precioso?

Dia desconectado

Este ficou para o fim, para lhe dar a hipótese de desligar o computador ou sair do telemóvel, assim que terminar este artigo. Apercebe-se que os seus níveis de atenção andam desequilibrados ultimamente? Que você não consegue ficar sossegado, que lhe falta o foco, se sente constantemente ansioso, e é facilmente irritável? Estes são todos efeitos directos do uso intermitente constante do computador ao longo do dia e da noite. Isso inclui smartphones, tablets e portáteis. Usamo-los constantemente em pequenos fragmentos de tempo a cada poucos minutos ao longo do dia. Em parte, é a luz azul que emitem à noite a mais estimulante para nossos cérebros e corpos. Experimente estar 24 horas sem estar conectado, aproveitando os fins de semana para isso. Não nos damos conta, mas a verdade é que sofremos todos de alguma compulsão e daí sentirmos uma necessidade premente de estarmos constantemente a consultar o telemóvel, mesmo que saibamos que não haverá nada de novo. Tente desabituar-se aos poucos, comece por desligar-se inicialmente durante 8 horas e vá aumentando gradualmente esse tempo. À medida que as horas passam, essas compulsões passam também, e gradualmente começa a instalar-se um relaxamento mais profundo. Esse sentimento de paz é incrivelmente curativo, e é intrigante perceber que há apenas algumas décadas, num passado sem computador, era como nos sentíamos assim a maior parte do tempo.

Sei que é mais fácil dizer do que fazer, mas pense nisto como parte integrante do tratamento. Se tiver que sair todos os dias para ir a consultas, fisioterapia ou ginásio, tem de encontrar tempo para o fazer. Então porque não começar já, antes que seja tarde demais? 😊

Fontes:

          

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