31 de julho de 2017

Creme de courgette

Há dias ofereceram-me uma quantidade enorme de courgettes, e das grandes.

Assim, e para estrear, decidi logo fazer um creme de courgettes, rápido e simples e que fica bem com tudo.


Vão precisar dos seguintes INGREDIENTES:

1 courgette (usei a mais pequena das gigantes que estão na segunda foto)
2 cebolas médias
3 dentes de alho
2 pés de cravinho
2 folhas de louro
50 g de azeite
Água q.b.
Sal q.b.

PREPARAÇÃO:

Usei a Bimby.
Descasquei e cortei as cebolas e a courgette.
Descasquei os dentes de alho.
Coloquei o azeite no copo da Bimby.
Juntei as cebolas e as courgettes.
Juntei os alhos, as folhas de louro e os pés de cravinho.
Adicionei sal a gosto e programei 25 min/ Vel. 1- colher inversa/ temp. 100º.




Findo o tempo, retirei os pés de cravinho e as folhas de louro (por acidente ficou lá uma parte e acabei por triturar junto, mas até que ficou muito bem assim) e triturei tudo na vel. 3-5-7 durante 1 min.


Não adicionei água para a cozedura porque a courgette larga imensa água e eu não gosto das sopas muito líquidas. Assim, estufei tudo e triturei, e só depois de triturar é que juntei a água para fazer o creme. Aqui já depende do gosto de cada um.

Para quem não tem Bimby, estufa tudo num tacho e depois de cozido, tritura e junta a água a gosto.

É muito simples e muito saborosa!

Kombucha - preparação passo a passo

A (ou o) Kombucha (pronúncia: "kombutcha"), ainda, Kombuchá, é uma bebida probiótica obtida tradicionalmente a partir da fermentação do chá (Camellia Sinensis) ou infusões ricas em cafeína (pelo método não tradicional). Para a fermentação, prepara-se o chá, normalmente preto ou verde, mas pode ser qualquer infusão, desde que seja doce. Depois de pronto e já arrefecido, inocula-se a solução com um líquido acidificante ou vinagre proveniente de fermentações anteriores e a zoogléia ou bolacha (ou do inglês SCOBY - Symbiotic Culture Of Bacteria and Yeast). Tudo isto é deixado em repouso para o processo de fermentação da bebida. Após alguns dias, quando quase todo o açúcar terá sido consumido para dar lugar às várias enzimas, vitaminas e ácidos, contudo, a bebida estará com um sabor ácido, mas, ainda, levemente doce e estará pronta a ser consumida.


História 

O primeiro relato de produção e consumo de kombucha vem da China, em 221 a.C., durante a Dinastia Tsing. A Kombucha vem sendo cultivado por milhares de anos por várias culturas, tendo menções na Bíblia (Rute 2:14) onde o proprietário de terras Booz convidou Rute durante sua colecta de grãos: "Vem cá e come um pouco de pão e mergulha teu bocado na bebida de vinagre! E ela se sentou ao lado dos ceifadores; e ele lhe alcançou cereal torrado e ela comeu e se saciou e ainda sobrou." Este relato bíblico de cerca do ano 1000 a.C. não somente nos dá uma indicação de seus hábitos nutricionais exemplares, apesar de serem modestos de acordo com a nossa perspectiva, também vemos que, mesmo naquele tempo, as pessoas preparavam, com microorganismos, bebidas com ácido láctico e como elas serviam às pessoas como energia e refresco durante os árduos trabalhos da colheita. Durante as décadas de 1960 e 1970 a bebida tomou proporções globais, quando os hippies adeptos de práticas nutricionais naturais, difundiram o uso do chá fermentado. Em 2015, o mercado de kombucha foi estimado em US$600 milhões.

O nome kombuchá vem de uma crença ocidental de que a colónia ou biofilme era na verdade uma alga marinha chamada kombu, e pelo facto de na Índia, os chás provindos da Camellia sinensis serem chamados de cha ou chai. Descobriram depois que a colónia não era a tal alga, mas o nome já tinha sido popularizado.

Características

É uma bebida probiótica rica em ácidos, vitaminas e açúcares simples e ajuda a regenerar a microbiota intestinal.

Kombucha é uma colónia composta de microorganismos aglomerados numa massa de celulose parecida com uma panqueca. Tal aglomerado simbiótico recebe o nome português de zoogleia ou biofilme, mas também usualmente chamada de bolacha ou scoby, com os seguintes componentes:

Várias enzimas, ácido acético, ácido carbónico, ácido fólico, ácido glucónico, ácido glucurónico, L(+) láctico, ácido de Usnic, aminoácidos (vários), ácidos hidróxidos (vários), vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), vitamina B3 (niacina, niacinamida), vitamina B6 (pyridoxina), vitamina B12 (cobalamina, cyanocobalamina), vitamina C.

Quando a colónia é colocada num recipiente contendo uma mistura do chá com o açúcar, transforma o líquido numa bebida doce e azeda com uma fragrância frugal muito saborosa que pode fornecer diversos ácidos e nutrientes, excelentes para a saúde. A cultura de Kombucha alimenta-se do açúcar e produz tais produtos finais que ficam na bebida: o ácido glucurônico, ácido acético, ácido glucônico, ácido láctico, vitaminas, aminoácidos, e algumas substâncias antibióticas. Dentre outras substâncias, o álcool de 0.5% a 1% também é produzido, mas não caracteriza bebida alcoólica, caso a fermentação da bebida seja completa é formado o vinagre, que é rico em ácido acético produto da degradação do álcool pelas bactérias assépticas.

Temperatura: A cultura de Kombucha beneficia de um lugar morno (mas não abafado ou húmido). Recomenda-se que a temperatura do chá não caia abaixo dos 10ºC nem se eleve acima dos 30ºC. A temperatura ideal anda ao redor dos 22ºC.

Tempo útil de vida: As bolachas têm tempo de vida ilimitado, podendo durar anos.

Agora vou deixar passo a passo como costumo fazer a minha kombucha, tanto na primeira como na segunda fermentação:

Primeiro passo:

É preciso ter a colónia. Existem grupos no facebook de doações de probióticos onde podem adquirir a bolacha para iniciar. Eu sugiro estes, Probioticamente e Kefir e Kombucha Portugal - GRUPO DE PARTILHA.

Como tenho já algumas bolachas a fermentar, vejo quais são as que estão "no ponto" para mudar. Costumo deixar para a primeira fermentação, entre 7 a 14 dias, mas depende muito da temperatura. Menos tempo do que isto, deixa a kombucha muito doce (logo com todo o açúcar ainda presente) e mais tempo (para o meu gosto), fica muito ácida. Ao fim de uma semana, começo a ver a consistência e o cheiro, se tiver um cheiro avinagrado, para mim já está bom. Saliento que, no país onde vivo, as temperaturas nunca são muito elevadas, por isso o tempo de fermentação aqui, ronda os 10 dias.

Preparo o material:

Recipiente em plástico para colocar as colónias (eu uso um pequeno alguidar)
Passador de plástico
Funil de plástico
Garrafas de plástico com tampa

Preparo o chá: 

Usando a proporção de:
2 saquetas para cada litro de água e 75g de açúcar para cada litro de água, neste caso, para 4 litros de água, uso 8 saquetas de chá e 300g de açúcar. (uso o branco por ser mais barato).

Vou alternando entre o chá verde e o chá preto, mas o que mais uso é este:



Coloco a água ao lume num tacho ou panela e desligo quando começar a ferver. Deito o açúcar e as saquetas de chá e mexo com uma colher de pau até dissolver o açúcar (aqui já tinha retirado 2 saquetas antes de me lembrar de tirar a foto).



Deixo arrefecer o chá até à temperatura ambiente.

Entretanto destapo as bolachas a mudar. Estão assim:


As colónias com o tempo criam uma capa à superfície e é essa capa que vai engrossando e que vai dar origem a outras bolachas. Mas também podem crescer por baixo. As minhas nem sempre são assim disciplinadas e costumam multiplicar-se por baixo 😆.



Com a mão, retiro as bolachas para o recipiente de plástico e junto um pouco do líquido fermentado. 
Para a fermentação seguinte, convém deixar cerca de 10% do total do líquido por cada litro de chá novo. Neste caso, como tenho 2 frascos de 2 litros, deixo cerca de 400 ml para adicionar na fermentação seguinte. 

As bolachas adquirem o formato do recipiente onde estão a fermentar.



O restante líquido que ficou no frasco, deito directamente para as garrafas de plástico que vou usar para a segunda fermentação. Uso um funil e um passador fino para coar algumas impurezas.
Não encho totalmente as garrafas, deixando espaço para as frutas que vou adicionar e para a própria fermentação.



A seguir preparo as novas fermentações.

Passo os frascos por água e deito o novo chá, sem encher o frasco.



Deixo mais ou menos assim.



Depois deito o líquido fermentado que estava de parte.
Gosto de coar para evitar que entrem impurezas.



Passo as bolachas para o frasco. Se tiverem muitas impurezas, lavo-as debaixo de água corrente.
Aqui dá para ver que existem várias bolachas agarradas umas às outras.



No fim, os frascos ficam assim.




Não fecho os frascos com a mola. Sei que se pode fechar, mas eu deixo só a tampa encostada, com uma folha de papel absorvente de cozinha preso com um elástico para evitar que entrem bichitos ou pó.


E reservo num sítio fresco e escuro, de forma a que não sejam mexidos durante a fermentação.
Aqui a minha "produção" de kombucha😆😆.


Aqui ficam até à próxima muda.

No mesmo espaço deixo as garrafas com a fruta para a segunda fermentação. Nestas garrafas de 1l, deixo normalmente 3 ou 4 dias (para o meu gosto, o tempo ideal). Se as garrafas forem maiores, deixo mais 1 ou 2 dias. 

Findo esse tempo, coloco as garrafas no frigorífico e consumo depois de fresco, normalmente entre 2 a 3 copos por dia.

Também podem consumir a kombucha logo depois da primeira fermentação, colocando logo as garrafas no frio sem as frutas. Pessoalmente não gostei muito, e após ter insistido, dei conta que me dava azia pela acidez.


Fontes: Grupo Probioticamente               https://pt.wikipedia.org/wiki/Kombucha

28 de julho de 2017

"Iogurte" de coco

Coloquei iogurte entre aspas porque para mim, iogurte tem de ser fermentado e este não foi. É mais uma sobremesa, mas pela textura e sabor, passa bem por iogurte.

Quem reside em Portugal, não tem noção que fora do país, não há a mesma oferta de produtos e é preciso inovar bastante. Aqui não encontro iogurtes vegetais de compra, a não ser de soja e isso está fora de questão.



Claro que é muito fácil de fazer. Desta vez usei só leite de coco de compra, mas da próxima vez faço com leite de coco caseiro, mas não tenho encontrado coco para fazer.

INGREDIENTES:

2 latas de leite de coco (usei da ALNATURA) de 400 ml
1 saqueta de gelatina em pó neutra (6g) também podem usar agár-agár mas eu não gosto do sabor
Para mim não foi necessário, mas quem gostar deles doces, pode adicionar um pouco de açúcar de coco ou mel

PREPARAÇÃO:

Usei a Bimby.
Deitei o conteúdo das duas latas de leite no copo da Bimby e programei 4 mins/ vel.3/ temp. 50º.
Quando faltavam 30 segundos para acabar o tempo, adicionei a gelatina pelo bocal, sem deixar de mexer.
Dispus o conteúdo em copos de iogurte e levei ao frio de um dia para o outro.




Para quem não tem Bimby, pode levar o leite de coco ao lume, tendo o cuidado para não deixar levantar fervura.

No dia seguinte, tinham esta textura.



Escusado será dizer que me regalei ao pequeno-almoço!

Adicionei amoras silvestres que tinha apanhado durante uma caminhada e por cima coloquei um pouco da compota que tinha feito com as mesmas. A compota era de amoras mas a receita foi esta, porque dá para todas as frutas.






27 de julho de 2017

Creme de cenoura com especiarias

Adoro sopas, preferencialmente cremes porque depois posso juntar o que me apetecer a qualquer momento, seja legumes, verdura, peixe ou carne. Mas como consumo sopa todos os dias e a todas as refeições, gosto de variar e fugir da rotineira sopa de legumes.

Hoje não tinha grandes legumes para fazer a sopa porque já tinha feito hoje uma para a filha (sem cebola porque lhe causa indigestão), fiquei com poucas opções para mim. Mas nada de panicar.


Resolvi fazer um creme de cenoura com o que tinha cá em casa e até correu muito bem. Como gosto muito de especiarias, este creme saltou para o top das minhas preferidas (N.1 creme de abóbora assada , N.2 creme de cogumelos).


Claro que é muito fácil de fazer porque passar muito tempo na cozinha, é coisa que não me assiste!

INGREDIENTES:

3 cenouras grandes
1 courgette descascada
1 cebola
2 dentes de alho
3 floretes de couve-flor (era o que tinha)
3 pés de cravinho
1/2 colher de chá de gengibre em pó (usei bio da Alnatura)
1/2 colher de chá de curcuma em pó
Sal e azeite a gosto

PREPARAÇÃO:

Usei a Bimby.
Preparei os legumes e cortei-os.
Coloquei-os no copo da Bimby, com os pés de cravinho, cobri com água, coloquei sal ao meu gosto e fechei. Programei 25 mins/ vel.1/ temp. 100º.
Findo esse tempo, retirei os pés de cravinho e juntei o azeite e as especiarias.
Triturei 1 min/ vel. 3-5-7.

Et voilà!



Para quem não tem Bimby, o processo da cozedura é o mesmo numa panela ao lume.
Depois dos legumes cozidos, retiram-se os pés de cravinho, juntam-se as especiarias e o azeite e tritura-se com a varinha da sopa.

Eu gosto das sopas bem cremosas, por isso nunca coloco muita água aquando da cozedura, só a tapar os legumes. Se depois de triturada, ficar espessa, acrescento um pouco de água.

25 de julho de 2017

Tarteletes salgadas

Como consumo sopa a quase todas as refeições, às vezes faz-me falta "qualquer coisa" para acompanhar a refeição, sem ser qualquer coisa de muito pesado. E como também gosto sempre ter "qualquer coisa" no congelador pronto para situações em que a disposição ou o tempo não abundam, resolvi fazer estas tarteletes salgadas, já prontas a rechear.


São muito fáceis de fazer e muito práticas para quando chega alguém a casa e não temos nada preparado. Podem ser recheadas a gosto e tanto podem ser servidas como entrada ou como complemento do prato principal. Ou para o que quiserem, vá!

Hoje, e como tinha comprado carne de vaca e porco para picar em casa, fiz uma bolonhesa rápida e recheei. Não consumo queijo e por isso coloquei umas folhas de rúcula para refrescar. Para quem consome queijo, pode polvilhar com queijo a gosto e depois levar ao microondas só para derreter ou ao forno para gratinar.

A massa adaptei-a destas empadas  e destes rissóis, só alterei um pouco as farinhas para alterar a consistência. Ainda não disse, mas tinha acabado de comprar estas forminhas de tarteletes que andava doida à procura, e tinha que as experimentar.

INGREDIENTES PARA A MASSA:

250 g de batata doce cozida (eu costumo cozer no microondas, enrolada em papel de cozinha durante cerca de 5 mins, mas como estas eram grandes, programei 7 mins)
30 g de azeite extra-virgem
30 g de polvilho doce
150 g de farinha de mandioca
1 c. café de Flor de sal
Temperos a gosto (usei alho em pó e orégãos)

PREPARAÇÃO DA MASSA:

Ligar o forno a 180º.
Descascar a batata cozida e colocá-la no copo da Bimby.
Juntar os restantes ingredientes, deixando um pouco da farinha de mandioca de parte e triturar 20 segs/ vel 5. 
Dependendo da qualidade da batata, pode não ser necessária a quantidade da farinha indicada.
Rectificar os temperos e a consistência.
Tem de ficar uma massa espessa que suporte a manipulação com o rolo da massa.
Se estiver muito mole, basta ir juntando mais farinha de mandioca.

Fiz na Bimby mas também se faz bem noutro processador ou trituradora.




Esticar a massa sobre papel vegetal de forma a que possa cobrir a forma das tarteletes, dando o desconto para cobrir também as bordas.



Cobrir a forma da tartelete com a massa e com os dedos, e ir ajeitando de forma a que cubra toda a forma até acima.




Colocar as formas sobre a grelha do forno e levar ao forno já quente, cerca de 15 minutos.



Retirar e deixar arrefecer.



Entretanto fiz um pouco de bolonhesa para rechear as tarteletes.



Depois da massa fria, recheei duas para o jantar e congelei as restantes para os tais dias.

Espero que gostem!

A dor na mulher e no homem - discrepância no reconhecimento e tratatamento

Não se trata de nenhum texto feminista, mas hoje tropecei num texto, que me levou a outro e mais outro e resolvi escrever sobre o assunto, em português. Já tive oportunidade de o dizer várias vezes que, de todos os técnicos e terapeutas pelos quais tive que passar, nunca fui menos bem tratada ou menosprezada, sobretudo pelo facto de ser mulher. Mas a verdade e a generalidade, infelizmente, nem sempre é assim.

Por brincadeira dizemos que os homens, se tal fosse possível, não suportariam as dores de parto. E que por norma, são mais "queixinhas" que as mulheres (repito, que isto não é um texto feminista) e que com uma simples constipação, estão com os pés virados para a cova. As mulheres por outro lado, são conhecidas por serem mais resistentes à dor. Mas será que isto não é uma faca de dois gumes? Ora, se por um lado, as mulheres são tidas como mais resistentes à dor, essa dor não deveria ser levada a sério? Ou será que por sermos mais resistentes, temos é que levar com ela e de cara alegre?


Existem diversos estudos que colocam a nu a diferença no tratamento da dor em doentes do sexo feminino e masculino. No estudo levado a cabo pelos professores de direito da Universidade de Maryland, Diane Hoffman e Anita Tarzian, "The girl who cried pain", juntaram mais de 100 estudos através dos Estados Unidos que demonstram a descriminação das mulheres aquando do tratamento recebido para combater as suas dores. Por exemplo, num estudo com doentes de cancro metastizado, as mulheres foram 5 vezes mais negligenciadas nos seus sintomas comparativamente aos homens. Num estudo com 366 doentes com SIDA, os homens receberam tratamentos mais adequados do que as mulheres. Num estudo sobre cirurgias abdominais, os médicos passaram menos analgésicos a mulheres do que a homens. Outro estudo, revela que enquanto que os homens são medicados com narcóticos para tratar as suas dores, as mulheres são medicadas com sedativos. Da mesma forma, as mesmas pesquisas demonstram que os pacientes do sexo masculino recebem constantemente mais tempo e atenção de profissionais médicos do que pacientes do sexo feminino com exactamente os mesmos sintomas. Num teste para examinar este preconceito de género conduzido por D. McDonald e R.G.Bridge em 'Estereótipos de género e cuidados de enfermagem', as enfermeiras receberam vinhetas com pacientes imaginários, listando os seus supostos sintomas e histórico médico. As enfermeiras foram então convidadas a calcular quanto tempo o paciente exigiria para tratamento e suporte emocional. Os pacientes do sexo masculino receberam consistentemente mais tempo, mesmo quando tiveram os mesmos sintomas e antecedentes que os pacientes do sexo feminino.

Histeria (do francês hystérie e este, do grego ὑστέρα, "útero"). O termo tem origem no termo médico grego hysterikos, que se referia a uma suposta condição médica peculiar a mulheres, causada por perturbações no útero, hystera em grego. O termo histeria foi utilizado por Hipócrates, que pensava que a causa da histeria fosse um movimento irregular de sangue do útero para o cérebro. Essa parece ser uma das razões da existência do equivoco de que as mulheres são mais emocionais, logo mais irracionais. Mas nos tempos modernos, onde a informação viaja à velocidade de um click, já é tempo que se mudem mentalidades.

Esses mesmos estudos demonstram que baseado nesse preconceito, nos hospitais, a dor nas mulheres é relativizada, as mulheres recebem menos tempo de tratamento e são alvos mais fáceis para diagnósticos errados, precisamente porque a sua dor é considerada como emocional. E isso acontece, mesmo depois de se provar que as suas dores têm razão de ser. Uma pesquisa levada a cabo por J. Crook e E. Tunks à qual deram o nome de "Women with Pain", confirma que as mulheres com condição de dor crónica têm mais probabilidades de serem mal diagnosticadas com perturbações mentais do que os homens, e são-lhes receitados mais drogas psicotrópicas, uma vez que os médicos relacionam os seus sintomas com histeria.

Esta confusão errada com a saúde mental acontece devido aos estereótipos sexistas de que as mulheres são "irracionais" ou "emocionais", o que significa que os médicos acham mais fácil acreditar que as expressões de dor das mulheres não têm base física. Por outro lado, os homens são vistos como mais racionais e quando dizem que estão a sentir dor aguda, os médicos tomam seus sintomas a sério como tendo uma causa física, em vez de assumir uma base emocional.

A divisão de género no diagnóstico traz sérias implicações no tratamento, o que significa que homens e mulheres recebem cuidados diferentes em hospitais pelas mesmas condições e sintomas. A pesquisadora Karen Calderone descobriu que quando homens e mulheres têm os mesmos sintomas, as mulheres são mais propensas a receber sedativos como tratamento, em vez de drogas para aliviar a dor. Isso sugere que elas são tidas como sendo mais "ansiosas" em detrimento da dor que realmente sentem e os médicos se concentram em canalizar as mulheres para um estado "calmo e racional" em vez de aliviar a sua dor real.

Isto comprova como a sociedade se sente desconfortável com as mulheres "emocionais" e procura inibir o seu comportamento caótico através da sedação, em vez de abordar a verdadeira causa da sua angústia. Significa que as mulheres ficam com dor severa por mais tempo do que os homens, pois os sedativos podem fazê-las parecer mais calmas do lado de fora, enquanto continuam a sentir a dor de forma aguda. Por essa razão ficam em desconforto extremo por períodos mais longos e podem demonstrar sintomas sérios relacionados a outras condições que podem passar despercebidos e não diagnosticados, pois estão demasiado dormentes e calmas para que os mesmos médicos possam lhes dar importância.

Outra tendência perturbadora nas pesquisas médicas, descobriu que em determinados casos, quanto mais atraente for a doente, menos tratamento ela recebe. No trabalho de pesquisa "Beautiful Faces in Pain", T. Hadjistravropoulos descobriu que devido ao estereotipo de que "o belo é mais saudável", os médicos subconscientemente assumem que pessoas que parecem "melhores" por fora, são mais saudáveis ​​e, posteriormente, exigem menos tratamento. Como o sexismo nas hierarquias de pessoal significa que os homens são mais propensos a ser os que ocupam posições seniores que tomam decisões sobre os pacientes e os homens são predominantemente heterossexuais, é possível subestimar a dor das mulheres devido a esse preconceito de "atractividade".

O mundo clínico há muito que se orgulha de proporcionar imparcialidade e objectividade em comparação com outras áreas da vida devido à dependência de factos objectivos e científicos. Mas a quantidade emergente de pesquisas nesse campo sugerem que o sexismo pode ser perpetuado em salas hospitalares e salas operacionais, tanto quanto em qualquer outro lado da sociedade e uma barreira real para as mulheres que procuram os cuidados de saúde.

Autora e professora na Northeastern University e também ela doente crónica, Laurie Edwards publicou um artigo no "The New York Times- The Gender Pain Gap", muitas vezes usado como referência neste tipo de tópicos. Nomeando várias pesquisas e estudos, a Dra. Edwards conclui que além de todos estes preconceitos, as mulheres que sofrem de Fibromialgia ou de Síndroma de Fadiga Crónica, ou de outros problema de saúde não visíveis e para os quais não há nenhum exame específico para o seu diagnóstico, ainda são mais descredibilizadas. Por inúmeros factores, os médicos apressam-se a diagnosticar uma mulher com Fibromialgia quando se depara perante um quadro menos claro de sintomas. É mais fácil "catalogar" com uma doença que apresenta sinais muitas vezes dúbios e/ou pouco consistentes, do que continuar a estudar o paciente que tem à sua frente e perceber o que de facto está errado na sua saúde. Por essa razão também, tem aumentado o cepticismo na legitimidade deste tipo de condições físicas. 

As pesquisas concluem que diferenças entre homens e mulheres existem na experiência da dor, com as mulheres a relatar e a sentir dores mais frequentes e mais intensas. No entanto, ao invés de receber um tratamento em conformidade ou pelo menos tão eficaz para a dor como acontece com os homens, as mulheres são mais propensas a serem menos bem tratadas do que os homens pelos seus sintomas dolorosos. O foco da medicina em factores objectivos e seus estereótipos culturais de mulheres combinam de forma insidiosa, deixando as mulheres em maior risco no alívio da dor e sofrimento contínuo. É urgente haver uma maior consciência entre os prestadores de cuidados de saúde, um reajuste da preocupação da medicina com factores objectivos através da educação sobre abordagens alternativas e o escrutínio por qualidade e revisores éticos dentro das instituições de saúde. A voz da mulher quanto ao tratamento da dor, deve ser ouvida tal qual ela é.

Fontes:

24 de julho de 2017

Molho de abacate e kombucha

Quem me acompanha, sabe que sou fã da kombucha e ando sempre a ver como a utilizar sem ser da forma tradicional. Desta vez utilizei-a num molho em vez de usar sumo de lima ou de limão e ficou muuuuito bom. E é tão fácil de fazer.



Vão precisar de:

INGREDIENTES:

Meio abacate
100 ml de kombucha (eu usei com segunda fermentação de gengibre)
(em vez da kombucha, podem usar sumo de lima ou de limão)
Sal a gosto
Alho
Ervas a gosto, usei coentros



PREPARAÇÃO:

Colocar tudo num processador e triturar.
Fui juntando a kombucha à medida q ia triturando.
As medidas dependem do tamanho do abacate e da espessura que preferirem o molho.
Eu fiz na Bimby, alguns segundos na velocidade 6.



CM

Síndroma de Sjögren

Depois de ter levado o "carimbo" da Fibromialgia, apareceram outros sintomas que, em situações normais, estão associados aos efeitos secundários da própria medicação para a Fibro. Mas uma vez que eu não estava a fazer a medicação recomendada (Cymbalta e Lyrica), a secura acentuada dos olhos, boca e vagina, não podiam ser efeitos secundários, mas sim, sintomas de mais uma gracinha que o meu corpo insiste em pregar-me.

Foi a Reumatologista que sugeriu que poderia ter a Síndroma de Sjögren, nome que até ali nunca tinha ouvido falar. Muitas pessoas não associam os sintomas a uma nova doença porque se habituaram a atribuir as culpas de todos os sintomas à Fibromialgia. Mas é preciso estar atento a tudo o que acontece e dar a devida importância à nossa saúde.


O que é?

O sintoma característico da síndrome de Sjögren é uma secura generalizada, geralmente incluindo xerostomia (boca seca) e ceratoconjuntivite seca (olho seco), parte do que é conhecido como sintomas de secura. A síndrome de secura também incorpora a secura vaginal, bronquite crónica e não tem sinais de artrite. A síndrome de Sjögren pode causar secura da pele, nariz e vagina, e pode afectar outros órgãos do corpo, incluindo os rins, vasos sanguíneos, pulmões, fígado, pâncreas, sistema nervoso periférico e o cérebro. A secura acentuada da pele em alguns pacientes de Sjögren podem ser o resultado de infiltração linfocitária em glândulas da pele. Os sintomas desenvolvem-se de forma insidiosa, e o diagnóstico não é considerado por vários anos devido as queixas de seca serem atribuídas aos medicamentos, um ambiente seco, envelhecimento, ou acredita-se ser muito insignificante para prosseguir. 

Secura da boca - A secura da boca, denominada “xerostomia”, é um sintoma frequente na população geral, habitualmente causado pela diminuição da quantidade ou qualidade da saliva. Quase todos os doentes com Síndroma de Sjögren têm algum grau de xerostomia. Além do Síndroma de Sjögren, a xerostomia pode ser causada por outras doenças crónicas, como a diabetes, a sarcoidose, a hepatite C e a depressão, bem como por medicamentos (anti-depressivos, anti-alérgicos, diuréticos) ou outros tratamentos médicos (irradiação da cabeça e pescoço, transplante de medula óssea). 


Para se compreender as consequências da escassez de saliva, é necessário conhecer as suas propriedades e funções. A saliva é um fluido corporal essencial para a protecção da cavidade oral e do seu funcionamento. A saliva é produzida por 3 pares de glândulas principais ou “major” – parótidas, submaxilares e sublinguais – e centenas de pequenas glândulas “minor”, milimétricas, distribuídas por toda a boca. A saliva é principalmente constituída por água, mas contém mais de 60 substâncias, tendo como principais funções:

Proteger, lubrificar e limpar a mucosa oral
Auxiliar a mastigação, deglutição e a fala
Proteger os dentes da erosão
Proteger a boca, dentes e garganta das infecções por bactérias, fungos ou vírus Suportar e facilitar o sentido do paladar

Se a redução da saliva se mantiver por muito tempo, irão surgir problemas como dificuldade na mastigação e deglutição, rápida degradação dos dentes e infecções da boca (sobretudo por fungos)

Deste modo, é fundamental identificar os primeiros sinais ou sintomas de secura oral. O dentista tem um papel fundamental na detecção precoce da xerostomia, avaliando o volume de saliva acumulado debaixo ou à volta da língua (se for pequeno ou ausente, indica que a pessoa está com défice de saliva) ou a presença de cáries na base dos dentes junto às gengivas ou na superfície de mastigação dos dentes. 

Os sintomas de boca seca podem incluir dificuldade em mastigar ou engolir a comida sem a ajuda de líquidos (sobretudo alimentos secos), alterações do paladar, dor ou sensação de ardor na boca e dificuldade em falar. 

Secura dos olhos - A secura dos olhos, denominada “xeroftalmia”, é frequente na população, podendo ser causada por redução da produção de lágrima e por perda de lágrima por evaporação excessiva. Ambas levam a desconforto ocular, que pode ser descrito como secura, ardor, sensação de areia ou prurido. Vista cansada, sensibilidade à luz ou visão turva são também características do olho seco. 

As lágrimas normais, em pessoas saudáveis, são constituídas por uma mistura complexa de proteínas e outros componentes que são essenciais para a saúde e conforto oculares. As lágrimas são importantes porque fornecem nutrientes e suportam as células da córnea (a estrutura transparente na parte anterior do olho), lubrificam a superfície ocular, e protegem das infecções a superfície exposta do olho. A visão nítida também depende da distribuição regular das lágrimas sobre a superfície do olho. 

Nos doentes com Síndroma de Sjögren, a inflamação das glândulas lacrimais reduz a produção de lágrimas e altera a sua constituição, originando secura dos olhos. Em pessoas com olho seco, surgem áreas de reduzida espessura do filme lacrimal, e assim as lágrimas já não protegem nem suportam a saúde das células da superfície ocular.

Manifestações sistémicas - São manifestações causadas pela extensão do processo inflamatório a estruturas não-glandulares, pela acção de linfócitos (um tipo de glóbulos brancos) e moléculas associadas ao sistema imunitário (anticorpos, citocinas e factores do complemento). Globalmente, são pouco frequentes, estimando-se que surjam em cerca de 25% dos doentes. Não se consegue prever se uma determinada pessoa irá ser afectada por este tipo de manifestações, nem em que altura, embora se saiba que o risco é maior em pessoas que demonstrem sinais de doença mais “activa” – aumento das glândulas salivares, marcadores de inflamação elevados, altos níveis de imunoglobulinas, ocorrência prévia de envolvimento extra-glandular ou anticorpos típicos da doença. 

Pode ocorrer inflamação articular, denominada artrite, que se caracteriza pela presença de dor predominante em repouso, com rigidez articular matinal e após períodos de imobilização, e tumefacção (“inchaço”) das articulações. A artrite no Síndroma de Sjögren é habitualmente menos extensa e agressiva do que a Artrite Reumatóide, e não é destrutiva para as articulações, embora possa ser persistente e em casos raros levar a algum grau de deformação articular. No entanto, a maioria dos doentes com Síndroma de Sjögren e dor articular não têm artrite, apenas “artralgias” (dor nas articulações), que podem estar relacionadas com a doença ou com outro problema coexistente, como a osteoartrose. 

A inflamação dos músculos (miosite) é rara, e manifesta-se por diminuição progressiva da força muscular, que deve ser distinguida da fadiga (na qual não há evidência de inflamação muscular). 

O envolvimento do aparelho respiratório pode ocorrer sob a forma de tosse seca (por secura da traqueia e grandes brônquios), síndroma obstrutivo semelhante à asma e à bronquite crónica (por inflamação dos pequenos brônquios) ou inflamação do tecido pulmonar alveolar (onde ocorrem as trocas gasosas) e intersticial (onde se localizam as pequenas veias e artérias pulmonares) com dificuldade respiratória e intolerância aos esforços. 

O sistema nervoso também pode ser afectado. Os nervos (que constituem o Sistema Nervoso Periférico) afectados perdem a sua capacidade de transmitir as sensações ou ordenar o movimento, originando diminuição ou alteração da sensibilidade (formigueiro, dor em queimadura ou sensação de choques), paralisias locais (pé pendente, paralisia facial) ou alterações do equilíbrio e da coordenação motora. Quanto ao cérebro e à medula (Sistema Nervoso Central), nos raros casos em que são atingidos, surgem enfartes cerebrais, inflamações difusas do cérebro ou de toda a espessura da medula. 

O envolvimento renal é pouco frequente, sendo típica a nefrite intersticial (inflamação da zona onde se realiza o equilíbrio da concentração e conteúdo da urina), que resulta em alterações na constituição do sangue. Pode também ocorrer glomerulonefrite (inflamação das estruturas onde o rim “filtra” o sangue), levando a perda de proteínas, edemas das extremidades e aumento da pressão arterial. 

Pode ocorrer vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) que habitualmente atinge as arteríolas (pequenas artérias) e capilares, manifestando-se principalmente por lesões da pele, dos nervos periféricos ou do rim. 

História

Johann von Mikulicz-Radecki (1850-1905) é creditado geralmente com a primeira descrição da síndrome de Sjögren. Em 1892, ele descreveu um homem de 42 anos com o alargamento das glândulas parótidas e lacrimais associadas a um infiltrado de células redondas. No entanto, os critérios que contemplam a síndrome de Mikulicz muitas vezes levaram a um diagnóstico errado, porque muitas doenças, tais como a tuberculose, infecções, sarcoidose, e linfomas, podem apresentar-se em condições semelhantes às intituladas da síndrome de Mikulicz. No entanto, o termo síndrome de Mikulicz ainda é usado ocasionalmente para descrever o aparecimento de infiltrações linfocitárias em glândulas biópsias salivares.

No entanto, em França, o termo síndrome de Gougerot estava em uso há décadas, como ele descreveu em 1925 três casos de atrofia progressiva das glândulas salivares associadas com olhos secos, boca seca e vagina seca. O trabalho abrangente e importante de Sjögren justifica a designação agora aceita da doença de Sjögren.

Em 1930, Henrik Sjögren (1899-1986), um oftalmologista de Jonkösping, Suécia, observou um paciente com baixas secreções das glândulas lacrimais e salivares. Sjögren introduziu a ceratoconjuntivite seca ao sintoma de olhos secos. Em 1933, ele publicou a sua tese de doutoramento, descrevendo 19 mulheres, a maioria das quais estavam em pós-menopausa e que tinham artrite, mostrando as manifestações clínicas e patológicas da síndrome. Sjögren esclarece que a ceratoconjuntivite seca, resultante da deficiência de água, não tinha nenhuma relação com xeroftalmia, resultante da deficiência de vitamina A. A tese de Sjögren não foi bem recebida pelo Conselho de Examinadores que criticou alguns aspectos clínicos.

Após uma extensa pesquisa e colheita de dados, Sjögren publicou um artigo essencial em 1951, descrevendo 80 pacientes com keratoconjunctivitis sicca, 50 dos quais também tinham artrite.Suas viagens subsequentes de acompanhamento a conferências referentes ao seu trabalho, levaram-no a um interesse internacional na síndrome de Sjögren. O termo keratoconjunctivitis sicca cunhado pelo próprio Sjögren começou a ser identificado como sua síndrome na literatura.

Em 1957, Sjögren tornou-se professor associado - docente - na Universidade de Gotemburgo e em 1961 recebeu o título de professor honorário. Em 1951, foi eleito membro honorário da Australian Ophthalmological Society, em 1970 da American Rheumatism Organization, e em 1876 do Svensk reumatologisk forening e do Royal College of Physicians and Surgeons of Glasgow.

A Confirmação do Diagnóstico 

O Síndroma de Sjögren é uma doença relativamente difícil de diagnosticar, uma vez que as manifestações mais frequentes – secura oral e ocular, entre outras – não são específicas e podem ocorrer em pessoas com outras doenças reumáticas ou sob determinadas terapêuticas, e podem evoluir lentamente, não alertando o doente ou o médico para a possibilidade de existir uma doença responsável pelas queixas. 

Para confirmar o diagnóstico de Síndroma de Sjögren, o Reumatologista fundamenta-se em vários aspectos da história, exame clínico e exames complementares. 

A presença de secura oral, ocular ou de outras mucosas, acompanhadas ou não de outras manifestações comuns em doenças reumáticas sistémicas, como o fenómeno de Raynaud, as aftas orais, a fotossensibilidade ou outras alterações da pele, devem fazer suspeitar de Síndroma de Sjögren. A ocorrência de manifestações extra-glandulares, como artrite, neuropatia, envolvimento pulmonar ou vasculite, numa pessoa com queixas de secura, torna provável o diagnóstico de Síndroma de Sjögren. 

Um grupo internacional de peritos elaborou um conjunto de critérios de classificação para o Síndroma de Sjögren, que pode ajudar os médicos a chegar ao diagnóstico. Estes critérios requerem a presença de queixas de secura oral ou ocular, que deve ser confirmada através de estudos funcionais e obrigam à demonstração de uma base imunológica das queixas secas, mediante a presença de anticorpos anti-SSA e/ou anti-SSB e/ou biopsia de glândula salivar com presença de inflamação característica do Síndroma de Sjögren.

Prognóstico

A síndroma pode lesar órgãos vitais do corpo com sintomas que podem estabilizar ou piorar, mas a doença não sofre remissão, como acontece com outras doenças auto-imunes. Algumas pessoas podem sofrer somente sintomas brandos de olhos e boca seca, enquanto outras podem apresentar sintomas de doença grave. Muitos pacientes são capazes de tratar os problemas sintomaticamente. Outros são forçados a lidar com visão embaciada, desconforto ocular constante, infecções orais recorrentes, glândulas parótidas inchadas, rouquidão e dificuldade em engolir e mastigar. Fadiga e dor articular debilitantes podem prejudicar seriamente a qualidade de vida. Alguns pacientes podem desenvolver comprometimento renal (nefrite tubulointersticial auto-imune) levando a proteinúria, defeitos na concentração urinária e acidose tubular renal distal.

Calcula-se que a doença afecte 0,2% da população mundial. A maior parte das pessoas possui mais de 40 anos de idade no momento do diagnóstico. As mulheres possuem nove vezes mais chances de desenvolver a síndrome, em comparação com homens.

Tratamento

Não há uma cura para a síndroma nem um tratamento específico para restaurar permanentemente a função secretora das glândulas. O tratamento, portanto, geralmente é sintomático e de suporte, com fármacos, lágrimas artificiais, corticosteróides, entre outros. Anti-inflamatórios não-esteróides podem ser usados para tratar os sintomas musculo-esqueléticos.

Abordagem da Xerostomia 

Gerir a secura oral 

Beba pequenas quantidades de água frequentemente para manter a boca húmida, mas evite beber grandes volumes de uma vez, porque remove a camada protectora de saliva.
Evite bebidas ácidas, como refrigerantes ou bebidas energéticas.
Evite a cafeína, porque pode aumentar a sensação de secura oral.
A secreção de saliva pode ser aumentada com pastilhas ou rebuçados sem açúcar ou à base de Xilitol, que é um adoçante que ajuda a prevenir a degradação dos dentes.
Existem vários substitutos salivares de venda livre em farmácias. Estes produtos têm um efeito temporário, sendo úteis sobretudo em pessoas com xerostomia grave.
A secura labial pode ser prevenida com cremes ou batons hidratantes.
Pode utilizar um humidificador para aumentar a humidade ambiente, sobretudo de noite.

-  Prevenir e tratar os problemas dentários 

Lave os dentes após cada refeição e passe fio dental diariamente
Reduza a ingestão de doces, bebidas açucaradas ou alimentos ricos em hidratos de carbono (bolachas, pão, batata).
Vá frequentemente ao dentista, que é o especialista que poderá fornecer instruções mais específicas para a higiene oral e propor o tratamento precoce das lesões dentárias

-  Prevenir e tratar as infecções da boca 

As infecções orais mais frequentes nos doentes com Síndroma de Sjögren são causadas por fungos, sobretudo candidíase, manifestando-se por inflamação da mucosa oral e sensação de ardor na boca. 
O tratamento deve ser iniciado pelo Médico ou Dentista, podendo ser à base de produtos locais ou comprimidos. É frequente o reaparecimento da infecção, com necessidade de repetições do tratamento. 

É importante a prevenção, com limpeza frequente da boca, dentes e dentaduras, para remover restos de comida e potenciais agentes patogénicos. Existem anti-sépticos orais de venda livre que poderão ser úteis. 

Abordagem da Xeroftalmia 

- Lidar com o olho seco 

Altere hábitos, medicações ou factores ambientais que podem prejudicar os olhos. 
Evite ambientes com baixa humidade, fluxos de ar de ventoinhas ou ar condicionado, fumo ou poeiras.
Evite utilização excessiva de maquilhagem.
Se possível, evite medicamentos que originem secura ocular, como alguns anti-hipertensivos, anti-depressivos ou anti-histamínicos.
Evite permanecer muito tempo sem pestanejar, porque leva a uma maior evaporação da lágrima. Isto acontece sobretudo quando vemos televisão, usamos o computador ou lemos, pelo que é importante pestanejar voluntariamente ou fechar os olhos por curtos períodos.
Óculos com protecção lateral ou de lente larga evitam a evaporação da lágrima bloqueando o vento e aumentando a humidade à volta dos olhos.
Utilize lubrificantes oculares para manter os olhos húmidos durante a noite.
Aplique compressas mornas nos olhos, para humedecer os tecidos secos e irritados, e aumentar a secreção de substâncias oleosas pelas glândulas palpebrais.
Mantenha os olhos lubrificados durante o dia, mesmo nas alturas em que não tem sintomas. Não deve esperar pelas queixas para iniciar tratamento, porque pode já ter ocorrido dano da superfície ocular.

- Tratamento da xeroftalmia 

As lágrimas artificiais são de venda livre e podem proporcionar alívio temporário das queixas ocularers. Contém água, sais minerais e polímeros, mas não possuem as proteínas habitualmente presentes na lágrima natural. Existem diversas apresentações, com diferentes constituições e graus de viscosidade, devendo os doentes experimentar várias diferentes até encontrarem as mais eficazes.
A oclusão do canal lacrimal bloqueia o pequeno orifício por onde as lágrimas são drenadas dos olhos. É um procedimento simples, realizado com um tampão de silicone ou outro material, e ajuda a manter as lágrimas na superfície ocular por um maior período de tempo, melhorando os sintomas.
Aplicações tópicas de ciclosporina em emulsão pode ser utilizada para tratamento da inflamação crónica que agrava a secura ocular mediante a perturbação da secreção lacrimal. Apesar de muitos doentes referirem melhoria, é um tratamento dispendioso e de difícil obtenção em Portugal.
A hidroxipropil-celulose é um composto utilizado com lubrificante e protector ocular, que foi recentemente apresentado em formulação de libertação prolongada sob a forma de uma pequena pastilha que se coloca na pálpebra inferior e se dissolve lentamente ao longo do dia. Está recomendada para o tratamento de formas moderadas a graves de olho seco.
A manutenção da higiene e saúde das pálpebras é fundamental para manter uma boa lubrificação ocular. As infecções palpebrais devem ser prontamente tratadas, e problemas cutâneos que possam envolver as pálpebras devem ser identificados e tratados.

-  Abordagem das Manifestações Constitucionais e Sistémicas 

Sendo uma doença reumática sistémica, o Síndroma de Sjögren partilha vários aspectos clínicos com outras doenças reumáticas, como o Lúpus ou a Artrite Reumatóide. Deste modo, o tratamento é considerado não numa base de doença, mas sim de acordo com o tipo e gravidade das manifestações presentes. Existem vários tipos de medicamentos com eficácia nas manifestações do Síndroma de Sjögren, podendo o Reumatologista utilizar um único fármaco ou vários simultaneamente. 

Analgésicos simples, como o Paracetamol ou os Opióides fracos, são utilizados no tratamento de dor articular ou generalizada, com graus variados de sucesso. São habitualmente seguros a longo prazo e por isso utilizados precocemente.

Anti-Inflamatórios Não-Esteróides são uma classe de medicamentos onde se inclui a Aspirina, o Ibuprofeno, o Naproxeno, o Diclofeac e os Coxibes, entre outros. Partilham propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, sendo utilizados em diversas situações de dor, mas sobretudo na artrite. Podem ocorrer efeitos adversos gastro-intestinais, hepáticos e cardio-vasculares, que a maior parte das vezes são evitados mediante terapêuticas protectoras ou adaptação do fármaco ao perfil de risco do doente. Também existem formulações de aplicação tópica – cremes, loções ou sistemas adesivos – que actuam directamente sobre a articulação ou tendão afectado, embora o benefício seja por vezes limitado. 

Corticoesteróides são medicamentos com efeito anti-inflamatório poderoso, podendo ser utilizados em doses altas ou endovenosas para tratamento rápido das raras situações em que há perigo de perda de função de órgão ou risco de morte. São utilizados a longo prazo em doses baixas para manter um baixo nível de actividade na inflamação articular ou no envolvimento sistémico de menor gravidade, sem condicionar aumento significativo da toxicidade.

Fármacos Modificadores da Doença ou “Disease Modifying Anti-Rheumatic Drugs” (DMARDs) são um conjunto de medicamentos não relacionados entre si, mas que partilham a propriedade de reduzir a actividade inflamatória em diversas doenças inflamatórias de natureza auto-imune. No Síndroma de Sjögren são habitualmente utilizados para controlo da inflamação articular e como adjuvantes da corticoterapia, dado permitirem a utilização de doses mais baixas de cortocóides. 

Os mais utilizados são a Hidroxicloroquina (manifestações cutâneas e articulares), o Metotrexato (artrite), a Azatioprina (envolvimento neurológico, pulmonar, renal ou vasculite) e a Ciclofosfamida (vasculite, envolvimento pulmonar ou renal grave, envolvimento do sistema nervoso central). 

Agentes Biológicos são fármacos obtidos através de biotecnologia, que têm como alvo moléculas que desempenham um papel fundamental na amplificação do processo inflamatório. Dos medicamentos biológicos actualmente disponíveis e já utilizados no Síndroma de Sjögren, apenas o Rituximab (que remove linfócitos B) demonstrou alguma eficácia, mas não o suficiente para que o seu uso seja recomendado. Em fase de desenvolvimento encontram-se várias moléculas que no futuro próximo poderão ter um papel importante no tratamento do Síndroma de Sjögren. 

Pessoalmente, e apesar de seguir a alimentação paleo há mais de um ano, senti um grande alivio nas securas quando eliminei todos os lacticínios. Tinha dias mas sobretudo noites, em que não conseguia dormir e muitas vezes tinha dificuldade em respirar, de tão seca que tinha a boca e mucosas. Assumo que me custou bastante deixar os lacticínios, mas ao fim de 3 dias, os sintomas regrediram e estabilizaram. 

Não faço qualquer tipo de medicação seja para o que for. Até à data tenho conseguido gerir bem a sintomatologia sempre através da alimentação e tratamentos naturais.

21 de julho de 2017

Sindroma das pernas inquietas e Fibromialgia

Quando se recebe o diagnóstico de Fibromialgia, em muitos casos, já não é surpresa. Pois quando o diagnóstico aparece, já "andamos na luta" há imenso tempo e estamos familiarizados com as dores e sintomas. Não é fácil escolher um sintoma que incomode mais que os outros porque entre todos os possíveis, venha o diabo e escolha. Hoje falamos da Síndroma das pernas inquietas (SPI).


 Até à data, posso dizer que ainda não me afectou (ou então ainda não dei conta!) Mas infelizmente, esta perturbação afecta muitos doentes fibromiálgicos. Mas afinal do que se trata? O que está na sua origem? E porque razão esta síndroma e fibromialgia estão tantas vezes relacionadas.

O que é?

Basicamente trata-se duma condição em que a pessoa sente uma vontade incontrolável de mexer constantemente as pernas. As pessoas que têm SPI muitas vezes sentem movimentos involuntários e repentinos nas pernas e não as conseguem controlar. Também podem sentir formigueiro ou dormência, ou uma sensação de agulhas a picar.

Este sintoma já seria difícil de gerir se acontecesse durante o dia, mas o grande problema aqui é que acontece quando a pessoa se deita e quer descansar. Como consequência, as pessoas que sofrem da SPI não conseguem ter uma boa noite de sono, com todas as implicações inerentes.

A privação crónica do sono pode trazer repercussões muito perigosas na saúde. Noites mal dormidas durante um longo período de tempo podem provocar outro tipo de problemas crónicos e graves, como diabetes, tensão arterial elevada, perturbações do sistema imunitário, assim como perturbações a nível cardíaco. Por essa razão, a SPI deve ser encarada como um problema de saúde muito sério.

Como se relaciona a síndrome das pernas inquietas e Fibromialgia?

Infelizmente, embora se saiba que SPI e Fibromialgia estejam ligados, ainda não se sabe bem como. Mas a melhor teoria agora é que ambas as condições têm algo a ver com o facto do cérebro enviar mensagens ao longo do sistema nervoso. O sistema nervoso percorre todo o corpo, transmitindo constantemente informações para o cérebro. Alguns desses sinais, como levantar o braço, por exemplo, podemos controlar. Outros, como a batida do coração, são feitos automaticamente. E o mais importante quando se trata de Fibromialgia, é que esses nervos registam a sensação de dor.

Mas às vezes esses sinais podem ser de tal forma baralhados que o cérebro começa a sentir dor sem qualquer causa óbvia. E pode ser isto que esteja por trás da SPI: sinais nervosos hiperactivos. E também pode desempenhar algum papel nos sintomas da Fibromialgia, o que explicaria por que mais de 60% das pessoas com Fibromialgia também possuem a SPI. Isto é apenas especulação. Não se sabe com certeza o que causa Fibromialgia ou SPI, e até que se possa, a teoria dos sinais nervosos defeituosos parece ser uma explicação plausível.

O facto é que é mais um ponto negativo para quem sofre com Fibromialgia. Além de todos os sintomas com os quais é preciso lidar e que já dificultam tanto o sono, muitos portadores de Fibro também têm que lidar com a SPI. E obviamente, isso faz com que dormir o suficiente seja uma actividade incrivelmente difícil. E a falta de sono, além do que já foi referido, também provoca outros sintomas, como o agravamento da neblina mental (fibro-fog).

O que fazer para melhorar a situação?

Na verdade, não há nenhum tratamento 100% eficaz para qualquer das condições, mas existem alguns ajustes simples que pode introduzir na sua rotina, que podem tornar os sintomas da SPI mais fáceis de gerir.

Para começar, certifique-se de praticar os melhores hábitos de sono possíveis. Evite a cafeína perto da hora de dormir. A cafeína é um estimulante e poderá intensificar os sintomas da SPI. 

Evite fumar, o que, além de todos os riscos para a saúde conhecidos, também é um poderoso estimulante e interfere seriamente com os seus padrões de sono.

Finalmente, tente mexer-se o máximo possível durante o dia. Obviamente que nem sempre é tarefa fácil quando se sofre com Fibromialgia. Não é preciso correr maratonas, mas tente apenas fazer um pouco de caminhada quando e se puder. Mesmo um pouco de exercício é melhor do que nada quando se trata da SPI.