4 de novembro de 2015

Dói-me tudo!

Dói-me o corpo todo!

Quem tem Fibromialgia conhece bem esta expressão. E não há nada mais irritante do que quando nos perguntam onde dói e como dói. Talvez eu esteja a ser injusta (e outras vezes acho que até sou bipolar), pois se por um lado quero fazer entender como e onde me dói, por outro lado queria que o soubessem sem eu ter de o dizer. Confuso, né? Pois eu também acho... 

Mas se eu não estou bem, também tenho que entender que quem me rodeia também quer ajudar seja de que maneira for. E para que me entendam, tenho que me fazer entender e ser o mais clara possível. 

Se para mim é desconcertante sentir tanta coisa diferente, imagino como será difícil para quem nos rodeia e nos ama, saber entender o que sentimos para melhor nos apoiar.

Por isso tentei catalogar os diferentes tipos de dor, baseado no que eu sinto. Mas cada um terá as suas interpretações.


AGULHADAS - Estas dores aparecem em qualquer parte do corpo e a qualquer momento. Ainda não encontrei nenhum padrão para me poder orientar e prevenir-me, e talvez nunca o encontre. Sinto estas dores nas articulações e aparecem nas horas mais inoportunas. No meu caso, afecta-me mais a anca e ombro do lado esquerdo.
A brincar, costumo dizer que alguém se anda a divertir a alfinetar o meu corpo.




SENSAÇÃO DE QUEIMADO - No meu caso, afecta-me mais a nuca, pescoço, ombros e costas. Começa com uma sensação de ardor a meio dos ombros e espalha-se pelo resto do corpo. Por vezes até me sinto febril, mas quando vou tirar a temperatura, está tudo normal. É uma dor constante e muito incomodativa e mesmo que descanse, demora a aliviar (quando alivia).






DORMÊNCIA - É como se tivesse estado na mesma posição durante horas, mas aparece de repente. Por vezes vou-me levantar da cadeira ou do sofá e não sinto as pernas ou uma articulação. E dói bastante quando tento fazer força. Tento sempre levantar-me com cuidado, fazendo atenção para me apoiar nos dois pés de forma a perceber se está tudo em ordem. Mas confesso que já tenho recorrido a ajuda para poder começar a andar.




FORMIGUEIRO - Parece que tenho bichinhos a andar pelo corpo e é uma sensação muito incomodativa. De verão, quando o corpo estava mais descoberto, passava o tempo a passar a mão na zona onde sentia isso, como se estivesse a sacudir uma mosca. Outras vezes, é uma sensação de cabelo agarrado ao corpo e chego a incomodar a filha para ela me ver se tenho ali alguma coisa agarrada.








ESMAGAMENTO - É uma dor que sentimos quando apoiamos qualquer parte muscular, quer seja sentada ou deitada. Ao fim de alguns momentos, a parte do corpo que está em contacto com a cadeira, cama ou sofá, começa a doer como se estivesse a ser esmagado, como se já estivesse há horas nessa posição. Esta dor, no meu caso, aparece com mais frequência quando estou em crise, em que tudo toma proporções desmesuradas e tudo complica. Em outras situações, se prolongo a minha posição (porque sou teimosa e acho sempre que a dor é psicológica) chego a sentir náuseas e dores de cabeça.







HIPERALGESIA - Quando a sensação de dor é sentida de forma exacerbada aquando dum estímulo doloroso. Acontece, por exemplo, quando vou a andar e bato com o corpo em qualquer lado, não sinto de imediato a dor, mas ao fim de alguns segundos, ela chega de forma lancinante. Acontece também quando estou a brincar com a filha, que já tem 15 anos e é mais alta do que eu e se senta no meu colo, ou se deita ao meu lado e coloca uma perna ou braço sobre mim. Tenho consciência que o que me dói e como me dói, não é proporcional à força que foi feita. Ao princípio a filha ficava muito constrangida porque dizia que não tinha feito força, mas agora já percebeu e quando se senta ao meu colo, fá-lo com muito cuidado. (Assumo que por muitas dores que tenha a seguir, continuo a adorar que ela se sente ao meu colo e se deite ao meu lado!)





CONTRACTURAS - Por vezes, quando estou à mesa, sinto partes do meu corpo com vida própria. Por vezes é um dedo, outras vezes, um braço, outras vezes são zonas de pele no meio do nada. Sinto contracturas musculares, nevrálgicas e às vezes até brincamos com isso. A zona onde acho menos piada, é quando acontece com o olho. 





Bem, só agora depois de descrever isto tudo é que me apercebi da complexidade da dor, e só estou a falar da dor. Compreendo que não seja difícil para os de fora, entender o que sentimos, pois o mal-estar varia tanto e tão rápido que se torna difícil encontrar um padrão. Mas o que vou descobrindo e que o padrão desta síndroma é mesmo não ter padrão nenhum, cada dia é um dia, cada momento, é um momento.

Se no início, demorei a assumir esta mudança na minha vida, agora já vou aceitando. Para mim, aceitar, não é resignar-me e ter pena de mim própria, mas sim aceitar que é uma condição que me vai acompanhar para o resto da vida e tenho que viver em conformidade com isto, ao meu ritmo e às minhas necessidades.

C.M.

6 comentários:

  1. É difícil, muito difícil. E quando a dor da FM se alia à dor da AR e do Lúpus, aí tudo se complica.
    Certo disse à reumatologista que as minhas idas ao hospital tinham consequências drásticas. Ela arregalou os olhos á espera.
    Sorri e concluí entrei aqui com uma doença e no momento já somo sete. Quando vai parar?
    Enfim Cristina, os recursos no nosso país são limitados, as opções reduzidas ou aguentamos ou andamos sobre o efeito das drogas.
    Decidi levar um dia de cada vez sem drogas❤

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  2. É difícil, muito difícil. E quando a dor da FM se alia à dor da AR e do Lúpus, aí tudo se complica.
    Certo disse à reumatologista que as minhas idas ao hospital tinham consequências drásticas. Ela arregalou os olhos á espera.
    Sorri e concluí entrei aqui com uma doença e no momento já somo sete. Quando vai parar?
    Enfim Cristina, os recursos no nosso país são limitados, as opções reduzidas ou aguentamos ou andamos sobre o efeito das drogas.
    Decidi levar um dia de cada vez sem drogas❤

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  3. Boa noite. Teu texto se iguala aos meus SINTOMAS tbm lado esquerdo mto afetado. Mas tbm sinto fisgadas no meu couro cabeludo mas não é na superfície parece que é entre o couro e o crânio nas partes laterais próximo as orelhas q pinça pró meio dá cabeça. Meus cabelos perderam o brilho e caindo demasiadamente. Meus pés ficam pulsando de dor mesmo em repouso qdo fico de pé é insuportável. Sentada tbm é mto incômodo na minha lombar. Já tentei Lemeterapia não resolve já tentei Tratamento com Ortomolecular e tbm não tive resultados. Vc fez algo que deu pra amenizar?

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    1. Olá :) O que me ajudou bastante e me diminuiu todos os sintomas, foi ter alterado a minha alimentação. Deixei o glúten, cereais, açúcares e alimentos processados. E deixei a medicação desde então. Se precisar de ajuda, disponha. bjinhos

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  4. Anónimo23/4/17

    É TRISTE POIS SINTO TODOS ESTES SINTOMAS!

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